A substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis pelos elétricos traz a promessa de um futuro com ar mais limpo da poluição e o controle dos danos causados pela humanidade ao meio ambiente. Os carros eletrificados, porém, estão longe de garantir sozinhos a redução de impacto ambiental de que precisamos.
Um estudo publicado em 2020 na revista científica Nature Sustainability mostrou que os carros elétricos emitem menos gases poluentes na maior parte do mundo, mesmo onde a matriz energética ainda não é tão limpa e renovável ainda.
De acordo com o artigo, assinado por um grupo internacional de pesquisadores, somente em países que usam maciçamente o carvão para gerar eletricidade, caso da Polônia e da África do Sul, as emissões dos carros elétricos chegam a ser maiores do que as de carros movidos a combustíveis fósseis.
Estudo realizado pela Volvo, utilizando um modelo de carro elétrico e o mesmo modelo a combustão, revelou que o elétrico pode poluir até 70% a mais em seu ciclo total de vida se for utilizada energia não limpa (não renovável), para fazer a recarga. Por outro lado, se a energia utilizada for limpa, os elétricos saem na frente, liberando cerca de 32 toneladas a menos de CO² na atmosfera do que um veículo de convencional. Isso significa que os carros elétricos são um bom negócio para o Brasil, país que é conhecido por ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo — em grande parte por causa do uso das hidrelétricas.
A empresa concluiu que os maiores problemas são a produção, a recarga e o descarte da bateria do carro elétrico, e não propriamente o seu uso no dia a dia.
Ainda assim, os carros elétricos podem não ser suficientes para lidar com as mudanças climáticas. Para Christian Brand, físico e pesquisador da Universidade de Oxford, os incentivos dados somente aos carros elétricos podem, na verdade, atrasar uma mudança para eliminar as emissões de gases poluentes pelos transportes.
“Carros elétricos não são verdadeiramente carbono zero. A mineração dos materiais para suas baterias, a fabricação dos veículos e a geração da eletricidade de que eles necessitam produzem emissões", escreve Brand em um texto publicado pela universidade no ano passado.
FONTE: www.tecmundo.com.br